domingo, 12 de novembro de 2023

DOIS CAMINHOS, UMA ESCOLHA E UMA ARGENTINA DIVIDIDA

 

Sergio Massa (esq.) e Javier Milei (dir.) - Foto: JUAN MABROMATA, Luis Robayo - AFP


No próximo domingo (19), os argentinos irão novamente às urnas para decidir quem será o seu novo presidente, e o escolhido terá um enorme desafio pela frente: resgatar o país de uma das maiores crises econômicas de sua história.

Com inflação anual acumulada na casa dos 140%, as reservas de dólares evaporando e a consequente desvalorização do peso em relação à moeda americana, a crise se agrava dia após dia, levando ao desabastecimento de produtos, baixa produção industrial e agrícola e acentua enormes problemas sociais, como a pobreza e a violência.

O que já sabemos é que não será dessa vez que os eleitores argentinos estarão unidos na tentativa de solucionar esses problemas. A polarização política no país se intensificou nos últimos anos e dividiu ainda mais a população, levando Javier Milei e Sérgio Massa à disputa do segundo turno.

Javier Milei, o autointitulado "anarcocapitalista", é um economista e escritor argentino que ingressou na política com uma abordagem liberal-conservadora. Sua candidatura à presidência gerou interesse significativo devido ao seu estilo de discurso incisivo e polêmico.

Milei é conhecido por suas posições de livre mercado e seu apoio à redução do tamanho do Estado e das regulamentações. Se eleito, podemos esperar políticas econômicas mais alinhadas com o liberalismo clássico, incluindo reformas pró-mercado. Sua abordagem retórica atrai eleitores descontentes com o status quo, mas também pode gerar controvérsia e polarização na política argentina.

Na outra ponta da disputa está o peronista Sergio Massa, um político argentino com uma longa trajetória na política do país, e que desempenhou papéis importantes em vários governos e partidos ao longo de sua carreira.

Massa é o atual Ministro da Economia e ocupou cargos de destaque, incluindo a presidência da Câmara dos Deputados da Argentina e a Chefia do Gabinete Nacional da ex-presidente Cristina Kirchner, o que faz dele uma figura conhecida e respeitada na política argentina.

Por conta de seu discurso moderado, Massa é frequentemente associado a uma abordagem mais centrada e tem buscado a construção de coalizões e alianças políticas, o que pode ser visto como um esforço para buscar soluções de compromisso.

Sergio Massa também se concentra em questões sociais e econômicas que afetam as camadas mais vulneráveis da população argentina. Espera-se que ele continue a promover políticas destinadas a melhorar o bem-estar social e a reduzir a desigualdade, em uma população em que o número de pessoas vivendo na pobreza beira os 40%.

A Argentina está dividida. Se por um lado, os discursos radicais de Milei causam apreensão, por outro, o fato de Massa fazer parte da velha política argentina, que levou à situação de crise atual, causa desconfiança. Seja qual for o resultado, o vencedor terá a enorme responsabilidade de tirar o país dessa crise, mas seja quem for, terá que começar superando essas divisões.