Prédio da ONU em Nova York. Foto: Arnaldo Jr.
Ao completar um mês, o conflito entre Israel e o grupo terrorista
palestino Hamas está longe de uma solução, tanto do ponto de vista militar,
quanto do ponto de vista diplomático. Diante desse cenário, a Organização das
Nações Unidas (ONU) vem recebendo inúmeras críticas por conta da incapacidade
de atuar de forma mais incisiva nessa e em outras guerras.
A
ONU foi criada em 24 de outubro de 1945, logo após o final da Segunda Guerra
Mundial (1939-1945), com a nobre intenção de promover a paz e a segurança globais,
bem como garantir direitos humanos e desenvolvimento sustentável em todo o
mundo, algo que não foi alcançado pela sua predecessora, a Liga das Nações,
extinta oficialmente em 1946. No entanto, ao longo dos anos, a burocracia
excessiva e a ineficiência se tornaram obstáculos significativos em seu
caminho. Em nenhum lugar isso é mais evidente do que na sua capacidade de
solucionar conflitos internacionais.
Com
suas diversas agências e comitês, muitas vezes a entidade se vê atolada em
procedimentos burocráticos que dificultam a tomada de ações rápidas e eficazes
para conter crises. Um bom exemplo é o Conselho de Segurança, onde o processo
de tomada de decisões é muitas vezes moroso, sujeito a vetos por parte dos
membros permanentes (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França) e repleto de
discussões intermináveis. Isso se reflete na incapacidade da organização em
resolver conflitos urgentes, como os conflitos na Síria, no Iêmen, na Ucrânia e
em Israel.
Além
disso, a falta de recursos e a dependência de financiamento voluntário de
países membros muitas vezes comprometem a capacidade da ONU de responder
efetivamente a crises humanitárias. A organização se vê obrigada a depender da
boa vontade de nações ricas, o que pode levar a atrasos e à insuficiência de recursos
para ações humanitárias vitais.
A
ONU também é frequentemente criticada por sua incapacidade de aplicar sanções
efetivas e impor resoluções do Conselho de Segurança. Casos como o programa de
enriquecimento de urânio do Irã, que visa alcançar a produção de armas
nucleares, o desenvolvimento de armas pela ditadura norte-coreana, a invasão
russa à Ucrânia, o eterno conflito entre Israel e Palestina são exemplos claros
de como a falta de ação eficaz mina a credibilidade da organização e perpetua a
insegurança global.
É
importante reconhecer que a burocracia das Nações Unidas não é apenas um
problema de estrutura, mas também de política. A polarização entre os membros
permanentes do Conselho de Segurança e a falta de consenso político, muitas
vezes impedem a ação decisiva. A busca de interesses nacionais frequentemente
prevalece sobre o compromisso com o bem comum global.
Diante
desses desafios, é imperativo que a entidade enfrente reformas significativas
para recuperar sua eficácia na solução de conflitos e diminuir a sensação de
"inércia diplomática". Isso inclui uma revisão de sua estrutura de
tomada de decisões, o fortalecimento de mecanismos de resolução de disputas e o
aumento da independência financeira para reduzir a influência de interesses
nacionais.
Em resumo, a burocracia e a ineficiência da ONU na solução de conflitos são questões críticas que minam sua capacidade de cumprir sua missão de manter a paz e a segurança internacionais. Uma grande reforma é essencial para garantir que a organização possa desempenhar um papel mais eficaz na resolução de conflitos, afim de garantir a estabilidade política em todo o mundo. Enquanto a comunidade internacional não se comprometer com essas mudanças, e as diferenças nacionais e regionais e econômicas prevalecerem, a ONU continuará a ser uma organização que luta consigo mesmo para existir e não ter o mesmo fim da Liga das Nações.