terça-feira, 7 de novembro de 2023

A BUROCRACIA E A INEFICIÊNCIA DA ONU NA SOLUÇÃO DE CONFLITOS INTERNACIONAIS

     Prédio da ONU em Nova York. Foto: Arnaldo Jr.

Ao completar um mês, o conflito entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas está longe de uma solução, tanto do ponto de vista militar, quanto do ponto de vista diplomático. Diante desse cenário, a Organização das Nações Unidas (ONU) vem recebendo inúmeras críticas por conta da incapacidade de atuar de forma mais incisiva nessa e em outras guerras.

A ONU foi criada em 24 de outubro de 1945, logo após o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com a nobre intenção de promover a paz e a segurança globais, bem como garantir direitos humanos e desenvolvimento sustentável em todo o mundo, algo que não foi alcançado pela sua predecessora, a Liga das Nações, extinta oficialmente em 1946. No entanto, ao longo dos anos, a burocracia excessiva e a ineficiência se tornaram obstáculos significativos em seu caminho. Em nenhum lugar isso é mais evidente do que na sua capacidade de solucionar conflitos internacionais.

Com suas diversas agências e comitês, muitas vezes a entidade se vê atolada em procedimentos burocráticos que dificultam a tomada de ações rápidas e eficazes para conter crises. Um bom exemplo é o Conselho de Segurança, onde o processo de tomada de decisões é muitas vezes moroso, sujeito a vetos por parte dos membros permanentes (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França) e repleto de discussões intermináveis. Isso se reflete na incapacidade da organização em resolver conflitos urgentes, como os conflitos na Síria, no Iêmen, na Ucrânia e em Israel.

Além disso, a falta de recursos e a dependência de financiamento voluntário de países membros muitas vezes comprometem a capacidade da ONU de responder efetivamente a crises humanitárias. A organização se vê obrigada a depender da boa vontade de nações ricas, o que pode levar a atrasos e à insuficiência de recursos para ações humanitárias vitais.

A ONU também é frequentemente criticada por sua incapacidade de aplicar sanções efetivas e impor resoluções do Conselho de Segurança. Casos como o programa de enriquecimento de urânio do Irã, que visa alcançar a produção de armas nucleares, o desenvolvimento de armas pela ditadura norte-coreana, a invasão russa à Ucrânia, o eterno conflito entre Israel e Palestina são exemplos claros de como a falta de ação eficaz mina a credibilidade da organização e perpetua a insegurança global.

É importante reconhecer que a burocracia das Nações Unidas não é apenas um problema de estrutura, mas também de política. A polarização entre os membros permanentes do Conselho de Segurança e a falta de consenso político, muitas vezes impedem a ação decisiva. A busca de interesses nacionais frequentemente prevalece sobre o compromisso com o bem comum global.

Diante desses desafios, é imperativo que a entidade enfrente reformas significativas para recuperar sua eficácia na solução de conflitos e diminuir a sensação de "inércia diplomática". Isso inclui uma revisão de sua estrutura de tomada de decisões, o fortalecimento de mecanismos de resolução de disputas e o aumento da independência financeira para reduzir a influência de interesses nacionais.

Em resumo, a burocracia e a ineficiência da ONU na solução de conflitos são questões críticas que minam sua capacidade de cumprir sua missão de manter a paz e a segurança internacionais. Uma grande reforma é essencial para garantir que a organização possa desempenhar um papel mais eficaz na resolução de conflitos, afim de garantir a estabilidade política em todo o mundo. Enquanto a comunidade internacional não se comprometer com essas mudanças, e as diferenças nacionais e regionais e econômicas prevalecerem, a ONU continuará a ser uma organização que luta consigo mesmo para existir e não ter o mesmo fim da Liga das Nações.