Foto: Gavriil Grigorov, Sputnik
Vladimir Putin venceu mais uma vez. O resultado do pleito russo realizado no último domingo (17/03), garantiu seu quinto mandato até o ano de 2030. Com 87% dos votos, o presidente russo consolidou ainda mais seu poder, superando seu próprio recorde anterior de votação, o que talvez, tenha sido a única novidade.
Como esperado, a eleição foi duramente criticada por líderes ocidentais, que levantaram questões sobre a legitimidade do processo democrático na Rússia, principalmente devido ao controle rigoroso do governo sobre o sistema político e o processo eleitoral, além da falta de uma oposição substancial.
Os únicos concorrentes de Vladimir Putin foram Nikolai Kharitonov, do Partido Comunista, Leonid Slutsky, do Partido Liberal Democrata e Vladistav Davankov, do Novo Partido Popular, autorizados pelo próprio presidente por serem - palavras de Putin - "amigáveis ao Kremlin".
Em seu discurso após a vitória, Putin enfatizou a promessa de prosperidade e crescimento para a Rússia sob sua liderança e reiterou que seu país jamais será intimidado por nenhuma nação, mantendo sua postura desafiadora em relação ao Ocidente, alimentada por um ressentimento histórico e uma visão distorcida da geopolítica.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, expressou abertamente sua condenação, chamando Putin de "ditador" e alertando para seu desejo de prolongar o poder pessoal a qualquer custo, e consequentemente aumentar ainda mais a pressão militar russa sobre a Ucrânia e outros países da região.
A longevidade de Putin no poder, comparável apenas à de Joseph Stalin, é notável, e sua influência política e controle sobre o sistema russo se mostram cada vez mais consolidados. Ele demonstrou habilidade em suprimir o debate político e neutralizar opositores, mantendo uma firme aderência ao poder.
O exílio e a morte de figuras proeminentes da oposição, como Alexei Navalny, morto na colônia penal IK-3 na Sibéria, destacam a severidade das medidas tomadas contra aqueles que desafiam o status quo político. Durante os 25 anos de governo Putin, acredita-se que ao menos 15 de seus opositores foram assassinados sob circunstâncias misteriosas, como em uma versão russa de Game of Thrones.
Além de Navalny, a extensa lista inclui Alexander Litvinenko, ex-espião russo assassinado por envenenamento com Polônio-210 em Londres, Anna Politkovskaya, uma jornalista e ativista de direitos humanos, crítica das ações russas na Chechênia, e Boris Nemtsov, ex-vice-primeiro-ministro, morto a tiros próximo ao Kremlin. Uma lista que pode ficar maior nos próximos anos.
Mesmo com as manobras políticas internas, Putin enfrenta desafios externos consideráveis, incluindo a prolongada guerra na Ucrânia e o isolamento diplomático por parte dos países ocidentais. Nada que ele não possa resolver com um sorriso e uma ameaça nuclear. No entanto, mesmo com sanções e críticas, Putin conseguiu manter um apoio relevante em casa, ampliando a narrativa da guerra para um confronto com o Ocidente, o que alimentou o orgulho nacional e o apoio à sua liderança.
A economia russa, embora afetada por sanções, surpreendeu muitos ao se tornar a de crescimento mais rápido na Europa, superando a do G7. A capacidade de Putin em contornar essas adversidades, especialmente através de parcerias com países como China e Índia, mostra o quanto ele sabe jogar o jogo geopolítico, influenciando toda a Eurásia a desafiar a hegemonia econômica ocidental.
Apesar da aparente estabilidade e controle que Vladimir Putin exerce sobre a Rússia, o futuro permanece envolto em incertezas. As críticas e a pressão internacional continuam a aumentar, desafiando sua autoridade e provocando reações cada vez mais hostis. Embora suas reformas constitucionais possam prolongar seu tempo no poder, as dinâmicas geopolíticas e os desafios internos sugerem um horizonte incerto, tanto para Putin quanto para a Rússia.
À medida que a década avança, resta saber se Putin conseguirá manter sua posição dominante ou se os ventos da mudança trarão novas perspectivas para o cenário político russo. Afinal, a história nos ensina que nem líderes nem impérios duram para sempre.